Factory's Corner é uma nova rubrica onde iremos percorrer o vasto catálogo da Factory Records. Iniciamos a rubrica com um breve historial da etiqueta para nas próximas edições embrenharmo-nos nos seus artistas. Muitos serão excelentes recordações, mas alguns atrevo-me a dizer que são pérolas por descobrir. Mantenham-se atentos a este novo canto do 3 à Mistura.
As informações colhidas estão dispersas pela internet, mas este 1º artigo foi essencialmente adaptado da wikipedia.
PETER SAVILLE: The Factory 5/78 - 6/78May 78
This was a poster,
printed yellow on black, for gigs [May/June 78]
at The Factory, Manchester,
and the featured bands were Joy Division,
Durutti Column, the Tiller Boys, Cabaret Voltaire,
Jilted John, Big in Japan, and Manicured Noise.
A génese da Factory remonta a Janeiro de 1978 quando Tony Wilson, apresentador da Granada Television, criou uma sociedade com Alan Erasmus, actor desempregado e agente de bandas.
O nome Factory foi inicialmente usado num bar em Maio de 1978 onde apresentaram bandas locais como os Durutti Column e Joy Division, e ainda os Cabaret Voltaire de Sheffield. A publicidade gráfica foi criada por Peter Saville.
Em Setembro desse ano, este trio decide editar um EP com bandas que actuaram no bar. No alinhamento surge Joy Division, Durutti Column, Cabaret Voltaire e o comediante John Dowie.
Entretanto, Rob Gretton (agente dos Joy Division) recusa um contrato com uma editora londrina para a gravação de um álbum preferindo que este seja produzido em Manchester. Na sequência surge oficialmente a Factory Records com Wilson, Erasmus, Saville e Martin Hannet como sócios.
Tal como a 4AD Records, a Factory Records usou uma equipa criativa notável onde se destacava o produtor Martin Hannett e o designer gráfico Peter Saville, que imprimiram um som e imagem particular quer à editora quer aos artistas que produziu.
O seu sistema de catalogação atribuía um numero aos discos produzidos, aos trabalhos artísticos e outros objectos, conferindo assim uma identidade única à etiqueta.
O EP de estreia surge no inicio de 1979 e os singles que se lhe seguiram pertenceram aos Durutti Column e aos Orchestral Manouevres in the Dark ( que pouco depois iriam assinar um contrato com a Virgin Records). Em Junho, é lançado o 1º LP , “Unknown Pleasures” dos Joy Division. Após o concerto que a banda dá em Agosto no Leigh Rock Festival, o agente da banda Rob Gretton torna-se o 5º sócio da editora.
Em Janeiro de 1980, chega o álbum “The Return of Durutti Column”, o 1º de uma série que a banda lançará.
Em Maio, na véspera de partida para uma tournée no EUA, Ian Curtis suicida-se. Em Junho “Love will tear us apart” chega ao top 20 britânico e em Julho sai “Closer”, o 2º álbum dos Joy Division. No fim do ano os restantes membros da banda, decidem continuar a sua carreira com o projecto “New Order”.
Simultaneamente, a Factory expande-se além fronteiras, com a criação da Factory Benelux/Les Disques du Crepuscule na Bélgica como editora independente e a Factory US como distribuidora da Factory Records no mercado norte-americano.
Em 1981, a Factory e os New Order decidem abrir um bar que se chamaria The Hacienda numa antiga fábrica têxtil do período Vitoriano na zona central de Manchester.
Hannett abandona a editora para criar um estúdio de gravação, e é processado por direitos de autor não pagos que só seria resolvido por um acordo extra judicial em 1984.
Savile também desiste de ser sócio por questões relacionadas com pagamentos, embora continue a colaborar com a Factory.
Wilson, Erasmus and Gretton criam a Factory Communications Ltd.
Apesar do sucesso obtido pela afluência de clientes e dos elogios colhidos pelo design interior da autoria de Ben Kelly’s, o bar acumula prejuízos nos primeiros anos de funcionamento provocados pela política de baixo preço que praticava. O ajuste de preços que foi feito na venda de bebidas não melhorou os resultados porque em meados de 80 consumia-se muito ecstasy e pouco álcool. Na época manter a Hacienda custava aos New Order cerca de 10 000 £ por mês.
No ano seguinte, “Blue Monday” dos New Order torna-se um hit internacional e em 1985 sai o 1º álbum dos Happy Mondays. As duas bandas foram as mais bem sucedidas da etiqueta, servindo de financiamento para outros projectos. Factory e Hacienda seriam incubadoras dos géneros emergentes techno e acid house, e a sua amálgama com as guitarras do post-punk cria um movimento conhecido por Madchester.
Em Setembro de 1990, perto do edifício da BBC na Oxford Road, abrem a sua sede na Charles Street. Até aí a empresa continuava registada no apartamento de Erasmus em Didsbury onde tinha iniciado a sua actividade. Paralelamente, abre na zona de Northern Quarter em Machester o Dry Bar e uma loja “ The Area”.
Em 1991 morre Martin Hannett, que havia retomado a parceria com a editora trabalhando com os Happy Mondays, e como tributo é lançado um álbum de compilações e organizado um festival.
A participação de Saville na editora estava reduzida ao design gráfico dos New Order e aos projectos individuais dos seus elementos, como os Electronic, Revenge e The other Two.
Ironicamente, em 1992 a editora atravessa uma crise financeira criada pelas suas duas bandas de sucesso. Os Happy Mondays, gravavam em Barbados “Yes Please” o seu 4º álbum que se revelava um desastre financeiro e os New Order reportavam um gasto de 400 000£ na gravação do seu álbum de regresso “Republic”.
London Records mostra-se interessado na aquisição da Factory, mas as negociações ruíram quando verificaram que a Factory abstinha-se de fazer contratos com as bandas que produzia. A Factory Communications Ltd. criada em 1981 declara falência em Novembro de 1992. Muitos dos seus representados, incluindo os New Order, mudam-se para a London Records.
The Hacienda encerra em 1997 e pouco depois é demolida dando lugar a um condomínio de luxo.
Em 2002 é realizado o filme 24 Hour Party People centrado na história da Factory e da Hacienda.
Tony Wilson , morre a 10 de Agosto de 2007 vitima de um cancro renal.
A ilustrar a edição de hoje trazemos um video de "Digital" dos Joy Division extraído do 1º EP lançado pela Factory. Apesar da péssima qualidade de imagem, trata-se de um registo histórico que merece ser partilhado.
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